Barão de Tatuí, Francisco Xavier Paes de Barros
barão de Tatui, Francisco Xavier Paes de Barros em revista "Cigarra", 11.12.1914 |
Francisco Xavier Paes de Barros, barão de Tatui, triavô de Tiffany
"— Paulista, nascido em Sorocaba, em 1831 ; filho de Francisco Xavier de Barros.
De estatura regular, louro, claro, quasi imberbe.
Cursou em Olinda o segundo anno, em 1852, e os mais na nossa Academia. Teve sempre approvação plena.
Por seu trato afíavel, temperamento communicativo, era estimado de todos os collegas.
Depois de formado, não fez uso profissional do grau. Dedicou-se á vida de lavrador e nella formou fortuna.
Casou-se em segundas núpcias com a viuva do Barão de Itapetininga, tornando-se então um dos mais abastados capitalistas de S. Paulo.
E agraciado com o titulo de Barão de Tatuhy. O seu titulo nobiliarchico e a sua grande fortuna não alteraram em nada os hábitos singelos e a simplicidade de trato do dr. Francisco de Barros.
Esse facto, muito honroso para o Barão de Tatuhy, deu logar ao seguinte incidente que nos foi referido por pessoa conceituosa.
Era seu amigo e velho camarada o insigne philologo Júlio Ribeiro.
Entretanto, os dois amigos tinham-se, desde alguns annos, perdido de vista.
Encontrando-se uma vez em viagem de estrada de ferro, travaram palestra, tratando-se reciprocamente com a antiga familiaridade.
Cahiu a conversa sobre o Barão de Tatuhy, a cujo respeito o Júlio Ribeiro externou alguns conceitos desfavoráveis.
— Mas, Júlio, V. não tem razão — dizia-lhe o dr. Francisco de Barros — e explicava os factosarguidos.
— Qual! Chiquinho de Barros — insistia o Júlio
— V. é muito bom e julga os outros por si, aliás, não tomaria a defesa desse Barão de Tatuhy, que se casou por ambição. . .
— E como não defendêl-o, se o Barão de Tatuhy sou eu?
— É V.?!
— Eu mesmo.
— Então, perdôe-me. A minha gaffe não tem concerto possivel.
E emmudeceu. Logo depois, para tomar uma compostura, abriu um livro, e poz-se a lêl-o, ou a fingir que o lia.
Júlio Ribeiro costumava, elle mesmo, referir esse caso. Revelava-se contrariado com o dezaso que tivera, porque se antipathisára, sem o conhecer, com o Barão de Tatuhy, sempre fora muito amigo do Chiquinho de Barros. "
Encontrado em :
A ACADEMIA DE S. PAULO ,TRADIÇOES E REMINISCÊNCIAS,
Nona Serie Sao paulo 1912. «A Editora» — Largo do Conde Barão — Lisboa J. L. DE ALMEIDA NOGUEIRA, Capitulo VII, turma de 1850-54.
FONTE:http://archive.org/stream/academiadesopa05nogu/academiadesopa05nogu_djvu.txt
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