Com o descobrimento de ouro em Cuiabá, no início do século XVIII,
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Itu 1831, Debret |
a região ituana funcionou como trampolim para aquelas regiões interiores da colônia. Nos seus arredores eram organizadas as monções, expedições fluviais que abasteciam de víveres as minas, levavam e traziam homens e garantiam o fluxo do ouro. Parte dos capitais gerados com a atividade mineradora foi aplicada na compra de terras, escravos negros, plantio de vastos canaviais e montagem de engenhos, a partir de meados do século XVIII. O povoado de Salto de Ytu, como então se chamava, passou a integrar o quadrilátero do açúcar (delimitado por Mogi-Guaçu, Jundiaí, Sorocaba e Piracicaba), a mais rica região produtora daquele produto em São Paulo, situação que se estendeu pela primeira metade do século XIX. Nesta altura, havia mais de quatrocentos engenhos de açúcar e aguardente em São Paulo, cem dos quais na região ituana.
Em 1760, já existiam cerca de 105 casas e mais uma rua, chamada da Palma . Nessa época, Itu se firma como entreposto de comércio na rota entre o sul do país e as regiões mineradoras de Mato Grosso e Goiás. A maioria das casas da Vila eram pequenas e habitadas por gente que pouco ou nada possuía.
Alguns anos depois, em 1776, com o crescimento das lavouras do açúcar e do algodão, a Vila cresceu, contando com 180 casas, tendo ainda as mesmas ruas de antes. Quem dá vida à localidade são os artesãos (sapateiros, ferreiros, latoeiros, carpinteiros, tecelões, costureiras e fiandeiras); eles ocupam 119 casas. Os comerciantes interessados na venda de tecidos, colchas e cobertores para outras regiões, promovem o cultivo do algodão, e a produção caseira de tecidos. A partir de 1777, a Vila de Itu vai crescer em função dos negócios de exportação de açúcar para a Europa. O número de engenhos de cana e de escravos, agora vindos da África e não do sertão, se multiplicam.
No fim do século a Vila achava-se á vanguarda da produção açucareira. Em 1798 a produção total da Capitania era de 152.840 arrôbas de acúcar. Só Itu nesse ano, produziu 16.635 quintais, o que equivale a 66.540 arrôbas, ou seja, mais de 1/3 do açúcar fabricado em São Paulo- estas quantidades faziam-na a mais opulenta área paulista no período".
Foi em este epoca que Antonio de Barros Penteado em Itu e o Capitão Antônio Francisco de Aguiar de Sorocaba (ambos 5°s avós de Tiffany) estabelaram um pacto com o objetivo de instituírem uma estratégia matrimonial envolvendo as respectivas proles, de modo a beneficiar os patrimônios de ambas as famílias. Certamente, os chefes de família deviam manter relações comerciais desde longa data e foi a partir dos interesses comuns que nasceu o desejo de estreitarem vínculos.
A família Aguiar tinha sua riqueza vinculada ao ciclo econômico do tropeirismo, que abarcava como atividades econômicas principais a comercialização de muares, criados na região sul do Brasil, a manutenção de um serviço de transportes baseado em tropas cargueiras e os negócios feitos com gêneros da terra para abastecimento de pontos remotos no interior do País.
Enquanto a fortuna dos Paes de Barros, amealhada de início, no século XVIII, a partir de lavras de ouro, provinha agora das extensas terras dedicadas ao cultivo de cana-de-açúcar em Itu. Em razão da comercialização do gado muar, Sorocaba estava intimamente ligada às áreas mineradoras e às áreas açucareiras, estas situadas no Oeste paulista, entre as quais se destacava a vila de Itu.
A estratégia de entrelaçar fortemente as duas famílias por meio da instituição do casamento tinha, portanto, como objetivo básico, reforçar o poder político e a abastança das famílias, já que, naquela época, os Aguiar enfrentavam problemas com os Silva Prado.
Comarca de Itu
Ouvidoria foi criada em 1811 pelo príncipe
regente
Foi por meio de alvará régio, datado de 2 de dezembro de 1811, que se deu a criação da Ouvidoria de Itu/SP, a última em território paulista antes da extinção da instituição em todo o Brasil. O príncipe regente D. João determinou, na ocasião, que a Vila de Itu fosse a sede da Comarca e compreendesse
as Vilas de
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São Carlos (atual Campinas),
todas
localizadas no Estado de São Paulo.
Em 17
de dezembro de 1811, ocorreu a nomeação do primeiro ouvidor geral e corregedor
da Ouvidoria de Itu, Miguel Antonio de Azevedo Veiga. De acordo com registros
do historiador ituano Francisco Nardy Filho, combatia o tráfico e o cativeiro de índios e escravos. Effeitivamente Miguel Antonio de Azevedo Veiga foi casado com Escholastica Joaquina de Barros, irmã de Bento Paes de Barros ! De Miguel e Escholastica descende Francisca, a esposa do Dr. Raphael de Aguiar Barros (filho de Bento Paes de Barros), supra.
A Jurisdição da Comarca de Itu ia de Franca a Curitiba.
Até 1838, a Comarca de Itu abrangia as cidades de Itu,Capivari, Constituição (Piracicaba), Araraquara, São Roque, Sorocaba, Itapetininga, Itapeva e Apiaí, além das Freguesias (Vilas menores) de Cabreúva, Indaiatuba, Capivari de Cima (Monte Mor), Pirapora (Tietê), Limeira, Ribeirão Claro (Rio Claro), Pirassununga, Una (Ibiúna), Campo Largo de Sorocaba (Araçoiaba da Serra), Tatuí, Paranapanema (Capitão Bonito), Iporanga e as localidades de Santa Bárbara e Ipanema.
Nesta época, Itu era a Vila mais rica de toda a Província, tendo (desde o início do século) importante participação na vida política e econômica. Em 1857, um ano prima de morte do 1° barâo de Itu, a Vila foi elevada à condição de cidade.